sábado, 3 de abril de 2010

A SABEDORIA DE JOSÉ EM MEIO AS EMOÇÕES

Vemos a maior prova que José passa, pois mecheu com todas as suas emoções, seu passado, suas lembranças, seus princípios, seus valores.

Nessa circunstância, seus irmãos foram para o Egito, a fim de comprar comida. Acusando os irmãos de serem espiões, José prende Simeão como refém para provar a honestidade deles, a fim de trazerem o irmão mais moço, Benjamim.

Sem saber que José podia entendê-los, eles admitem a culpa de terem feito aquilo, naquela ocasião, fazendo José chorar às ocultas. Depois, que retornaram ao Egito, José os testou de novo, colocando um copo de prata, para tomar agora Benjamim como refém.

Mas, Judá se interpôs pedindo para ficar no lugar do irmão Benjamim, para que o pai Jacó não morresse de tristeza. Mais uma vez José não agüenta e chorando em alta voz se revela a eles, se reconciliando com eles.
Depois de tantos sofrimentos, Deus reverteu a vida de José na terra que entrara como escravo, tornando-o governador do Egito e unindo-o com sua família de novo. Embora José tivesse todo motivo para mostrar-se amargo, angustiado, complexado, deprimido, fracassado, não há indicação que ele murmurou ou amaldiçoou a Deus por isso.

Ao contrário, Deus o abençoou e prosperou grandemente nos lugares mais improváveis. De modo impressionante, suas provações não fizeram dele uma vítima de suas emoções feridas e desalinhadas, mas um homem forte, cujo caráter foi forjado pelas dificuldades.
Foi sábio o suficiente para guiar uma nação, grande o suficiente para perdoar os irmãos, sensível o suficiente para ver que Deus estava no controle de tudo, fazendo algo muito maior do que simplesmente dar-lhe uma vida boa, livre de problemas.

José foi alguém que alcançou o favor de Deus e dos homens. E nós? Que podemos aprender da vida de José? Crescer Emocionalmente: esse é o grande desafio. Jamais mudaremos de mentalidade se nossas emoções forem ainda de crianças.

Existem pessoas com bastante fé, santidade, consagração, mas que por qualquer coisa se melindra. Você pode ficar 30 anos na igreja e não ser maduro emocionalmente. Assim, qualquer coisa te desanima, te abate, te desfalece. Vai embora a motivação, a empolgação, o ânimo.
Você é uma verdadeira montanha-russa emocional. É preciso resolver romper com a meninice, com o medo, com a timidez, com a insegurança, com a raiva, com o ódio, com a mágoa, com o ressentimento, com a rejeição, com a ansiedade, com a perturbação, com a melancolia, com frieza, com a indiferença, com a passividade, com o desânimo, com a inconstância, com o abatimento, com todos aqueles sentimentos que nos paralisam e escravizam.

Precisamos nos posicionar interiormente e exteriormente, alinhando nossas emoções com a vontade de Deus e fazendo aquilo que é suposto fazer, como decidir falar, perdoar, crer, suportar, esperar, sofrer.

Não podemos fugir de Deus, nem das circunstâncias como Adão o fez. É preciso enfrentar o problema, sem procrastinação, digeri-lo e avançar com uma resposta espiritual. Ver o exemplo de Adão, José e Jesus. Quanto mais você cresce, mais fácil de ser ensinável e livre, mais feliz, maior harmonia interior, que não é afetada pela desarmonia exterior.

O alvo de Deus é que você não seja ofendido ou melindrado por nada. Todos nós carregamos um certo nível de feridas. E elas constituem um habitat para satanás. Assim como Deus habita no meio dos louvores, satanás também habitam no meio das feridas dos homens.

Deus amaldiçoou a serpente dizendo que ela comeria do pó da terra todos os dias. E é assim que ela vai engordando, até chegar em Apocalipse ser o grande dragão. Essas feridas não tratadas são alojadas na parte da alma, que se chama sentimento ou emoção.

Esses sentimentos feridos ou desalinhados capturam a mente do homem, levando-o a se tornar refém ou prisioneiro dos seus próprios maus sentimentos. Nessa altura, são criadas verdadeiras fortalezas mentais, estruturas de raciocínio erradas que impedem do homem avançar.

Por exemplo: quando uma pessoa é abusada sexualmente na infância, ela levanta uma série de defesas que a inibem de ser totalmente livre e realizada. Quando alguém foi abandonado, desrespeitado, maltratado, rechaçado, preterido, magoado, tudo isso vai se instalando dentro do homem, ao ponto dele reagir totalmente contrário à Palavra de Deus.

Satanás encontra brechas para entrar, matando, roubando e destruindo o ser humano. Como a pessoa não consegue se libertar dessas feridas, ela é retro alimentada por mais feridas, ficando mais prisioneira ainda. Isso aponta para um ciclo de feridas, ou seja, feridas gerando mais feridas.

Como começam as feridas? Sabemos que elas têm origem desde a concepção. Da maneira como o bebê é gerado, já começa a ser marcada nos seus sentimentos. Se uma criança é gerada numa atmosfera de cobertura e amor, de benção de Deus é uma coisa.

Se fora do matrimônio, em adultério, não sendo da vontade dos pais, é outra completamente diferente. Durante a gestação, cada sentimento da mãe e do pai vai sendo assimilado pela criança e o resultado é medido pela sua personalidade, ou seja, temperamento mais o seu caráter.

Tudo o que vai lhe acontecendo, vai sendo processado na sua alma para bem ou para mal. Toda rejeição ou abandono, abuso ou coerção, é motivo de abrir uma ou mais feridas na alma da criança. E na medida em que ela cresce, se ela aprende a lidar corretamente com suas emoções, ela amadurece. Se não, ela acaba ficando mais ferida e ferindo os outros também.

Mesmo sendo já adulta, ela por dentro pode ser uma verdadeira criança, pois o é emocionalmente. Como ela não sabe lidar com suas feridas, ela desobedece, desrespeita a autoridade (pai, mãe, irmão, líder, patrão, professor, etc.), rebela-se, revolta-se, amaldiçoa.

A ira, a correção injusta, a repreensão exagerada dos pais, muitas vezes por ignorância, por não saber lidar com a situação, abastece a rebelião dos filhos, estabelecendo uma cadeia de feridas. Muitas vezes houve abuso de autoridade e isso marcou sua alma, levando-a a rotular toda vez que alguém a exerce, mesmo que corretamente.

Aí, surge a quebra do diálogo de pais com filhos, onde os filhos não ouvem os pais e nem os pais conseguem controlar os filhos. Os filhos não entregam os seus corações aos pais. Isso demonstra falhas na paternidade. O estágio seguinte depois da abertura da ferida é a sua auto-afirmação ou a espiritualização das feridas.

De alguma maneira ela precisa reagir para achar o seu espaço junto à família, junto à sociedade, junto à escola, ao mercado de trabalho. Se ela for dirigida pelos princípios da Palavra de Deus, ela vai crescer e amadurecer. Porém, se ela não observar tais princípios, ela vai causar muito dano.

Por exemplo: uma pessoa ferida na sua identidade vai reagir de muitas maneiras, ficando tímida, com vergonha, ou truculenta demais, obstinada, entrona, chamando a atenção de todo mundo, usando de meios legais ou ilegais para conquistar seu território, pois todos querem e precisam ser valorizados e aceitos.

De alguma maneira, a pessoa encobre suas feridas com uma máscara, uma casca, e se já é cristão, com a religiosidade, ou seja, tais feridas são maquiadas por legalismos religiosos ou pseudo-espiritualidade, uma verdadeira cegueira espiritual. Isso pode levar tal cristão a se apostatar, pois aquela primeira experiência de nascer de novo e servir ao Senhor vai se esfriando até acabar se congelando.

Ela se torna tão independente, intolerante, perfeccionista, prepotente, autoconfiante, que não precisa mais prestar contas, ninguém presta, só ela. A pessoa fica completamente cega, não se vê. Acha-se justo, cheio de justiça própria, com sua opinião própria, somente ela estando certa.

Torna-se chata, complicada, complexada, difícil, e o que é pior: ela não sabe que é assim ou não admite. "Os olhos que zombam do pai, ou desprezam à obediência a mãe, corvos do ribeiro o arrancarão e os filhotes da águia o comerão." (Pv 30:17).
O próximo estágio da ferida não tratada é a sua infecção generalizada, ou também chamada de compensação das feridas. É a dor do orgulho ferido explícito, que leva a pessoa a reagir com raiva, ódio, vingança, indiferença, frieza, irritação, trazendo danos para o outro.

No estágio anterior era a dor do orgulho ferido implícito. Era ainda pessoal, interno, individual. Mas agora é exteriorizada com reações as mais diversas. A pessoa acaba tendo uma postura competitiva, arrogante, soberba, autoritária, para valer suas idéias. É a guerra do ego.

Quer se projetar em cima dos outros, não dá o braço a torcer, acha que é superior, dono da verdade, destruindo e fragmentando relacionamentos e igrejas. Muitas vezes, mesmo sabendo que esta errada, a pessoa persiste no erro machucando outros.
Sabendo que tem que perdoar, não consegue, porque está acorrentado por suas próprias feridas. São pessoas tão carentes emocionalmente que se tornam insaciáveis "A sanguessuga tem duas filhas: Dá e Dá. Estas três coisas nunca se fartam; e com a quarta nunca dizer: Basta! A sepultura; a madre estéril; a terra que não se farta de água; e o fogo; nunca dizem: Basta!"(Pv 30:15-16).

Finalmente, a última fase do ciclo da ferida é a propagação das feridas, através do contágio que a ferida provoca por causa da amargura de espírito. A amargura de espírito é potencialmente contagiosa e epidêmica. "tendo cuidado de que ninguém se prive da Graça de Deus, e de que nenhuma raiz de amargura, brotando, vos perturbe, e por ela muitos se contaminem" (Hb 12:15).

Com a mesma arma com que fomos feridos, nós também ferimos. Nossa boca se torna por demais felina. Nossas palavras agridem, machucam, ferem. Isso é maledicência. A palavra não é apenas palavra, mas também mensageira, veículo de morte. "Nem ainda em teu pensamento amaldiçoes ao rei, nem no mais interior da tua recâmara amaldiçoes o rico, porque as aves do céu levariam a tua voz, e o que tem asas daria notícias das tuas palavras" (Ec 10:20).

A mais poderosa arma de satanás é boca do crente. Vejamos estes quatro estágios em (Pv.30:11-14)
"Há uma geração que amaldiçoa a seu pai, e que não bendiz a sua mãe.
Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas que nunca foi lavada da sua imundícia.
Há uma geração cujos olhos são altivos, e as suas pálpebras são sempre levantadas.
Há uma geração cujos dentes são espadas, e cujas queixadas são facas, para consumirem da terra os aflitos, e os necessitados dentre os homens"

Em cada um dos versículos uma etapa, um estágio. Então, depois de aberta uma ferida através de uma mágoa, rejeição, ressentimento, abandono, nós espiritualizamos tal ferida através da auto-afirmação, compensando-a em seguida e, finalmente, propagando-a.

Assim fechamos o ciclo de uma ferida em uma pessoa. É assim que se propaga a iniqüidade de geração a geração, de pai para filho, de filho para neto, até a terceira e a quarta geração. Somente pessoas curadas vão curar esse mundo.

Somente pessoas transformadas vão transformar esse mundo. Somente pessoas reconciliadas vão reconciliar esse mundo. Assim, como José soube lidar com suas emoções, possamos nós também aprender lidar com cada sentimento que brota na nossa alma, sempre processando na cruz do Calvário cada ferida aberta, para que o sangue de Jesus a cure.

Que o Senhor Jesus possa fortalecer-nos e abrir nosso entendimento, ensinando-nos a cada instante e nos fortalecendo nos momentos de fraqueza.

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