quarta-feira, 16 de junho de 2010

PARA OUVIR É PRECISO CALAR

Silenciando Para Ouvir a Deus, o Próximo e o Coração.

Existe o lado bom e o ruim do silêncio. O lado ruim pode ser patológico ou pecaminoso: Silenciar por causa da timidez, baixa auto-estima ou medo incontrolável são exemplos de quadros doentios que necessitam de cura interior. Sempre que o silêncio for praticado como uma atitude de desprezo ou indiferença, orgulho e isolamento social premeditado será visto como pecado.

Silenciar para o próximo omitindo ajuda ou silenciar para Deus não confessando o pecado praticado são atitudes de corações endurecidos e refletem o lado ruim do silêncio. Felizmente existe o lado positivo do silêncio que pode trazer grandes benefícios. O silêncio pode ser uma terapia.

Silenciar para aguardar; Silenciar para evitar confronto; Silenciar para dar oportunidade aos outros; Silenciar para se submeter; Silenciar para não se envolver; Silenciar para se humilhar; Silenciar para fazer diferença; Silenciar para não revidar; Silenciar para sossegar; Silenciar para dormir; Silenciar para aquietar-se; Silenciar para se acalmar;

Silenciar para refletir e meditar; Silenciar para gerar expectativa; Silenciar para guardar segredo; Silenciar para descansar a voz; Silenciar para exercer o domínio próprio; Silenciar para melhor observar; Silenciar para aprender com os que falam; Silenciar para compreender melhor; Silenciar para dar atenção; Silenciar para respeitar; Silecniar para ouvir o próximo; Silenciar para ouvir o coração; Silenciar para ouvir Deus.

A terapia do silêncio acontece quando cultivamos o hábito de praticá-lo diante de situações específicas que mais nos provocam: A precipitação em dar uma resposta sem refletir, por exemplo, pode ser mudada se introduzirmos um breve silêncio entre a pergunta e a resposta, servindo de lembrete ao cérebro de que esta pausa significa pensar antes de responder. Quando silenciamos a percepção torna-se mais aguçada e consequentemente nossa capacidade de compreensão dos fatos e idéias.

O silêncio ajuda no entendimento. Falar sem conhecimento é um desastre. O silenciar diante de pequenas ofensas deve ser praticado como forma de exercício do domínio sobre estímulos e impulsos. Podemos e devemos treinar o silêncio em diversas situações para gerarmos o hábito do domínio próprio, da melhor reflexão e da saúde emocional.

Há três tipos de silêncio quer devem ser praticados pelos cristãos:

O contemplativo, a Deus; O atencioso, ao próximo; O terapêutico, a nós mesmos.

1- O Silêncio Diante de Deus – Contemplativo o Silenciar como atitude de: Respeito – Reverência – Temor. (Apocalipse 8.1) Quando abriu o sétimo selo, fez-se silêncio no céu, quase por meia hora. (Habacuque 2.20) Mas o Senhor está no seu santo templo; cale-se diante dele toda a terra. (Zacarias 2.13) Cale-se, toda a carne, diante do Senhor; porque ele se levantou da sua santa morada.

Silenciar como atitude de fé: (Salmos 62.5) Ó minha alma, espera silenciosa somente em Deus, porque dele vem a minha esperança. (Lamentações 3.26) Bom é ter esperança, e aguardar em silêncio a salvação do Senhor. Um tempo de contemplação. Um tempo de meditação. Um tempo para ouvir Deus. Um tempo de aprendizagem.

(LC 2:19) "Mas Maria guardava todas estas coisas, meditando-as em seu coração". Para ouvir é preciso calar. Sem a presença do silêncio não podemos ouvir, as palavras ficam imperceptíveis, confusas ou perdem o sentido. Silenciamos nossas opiniões e idéias. Calamos o ego para ouvir a Deus.

2 – O Silêncio Diante dos Homens - Praticando o silêncio atencioso. Há pelo menos cinco vantagens na prática do silêncio atencioso: Evitamos falar coisas infrutíferas; Criamos a oportunidade para que outros expressem seus pensamentos e emoções; Aprendemos com os conselhos, experiências e opiniões do próximo; Desenvolvemos um interesse maior pelas pessoas; Criamos vínculos de amizade com as pessoas. As palavras em demasia mais afastam do que aproximam. (Provérbios 10:19) "Na multidão de palavras não falta pecado, mas o que modera os seus lábios é sábio". (Provérbios 17.28) Até o tolo, estando calado, é tido por sábio; e o que cerra os seus lábios, por entendido.

O sábio é aquele que também sabe silenciar e conhece a hora certa de calar. Nem tudo na vida tem de ser contado, nem todas as opiniões precisam ser compartilhadas. O silêncio pode ser proposital e estratégico, despertanto atenção, reflexão e mudança de comportamento nas pessoas. (Mateus 26.63) Jesus, porém, guardava silêncio. Quando cultivamos o silêncio atencioso, além de evitarmos falar muitas coisas infantis e improdutivas, permitimos que outros expressem seus pensamentos e emoções.

O falar com elegância fascina os ouvidos nobres, mas às vezes, o silêncio é quem enobrece o diálogo. Um silêncio vivido junto com o nosso próximo produzirá muito fruto de amizade e sinceridade. O silêncio atencioso consegue levar o coração e a mente para um interesse maior pelo nosso próximo do que a simples troca de informações. Ele desperta nossos sentimentos em direção ao próximo. O silêncio atencioso aumenta o conhecimento. Silenciar para ouvir um conselho, uma orientação, uma experiência.

3- O Silêncio a Si Mesmo - Terapêutico. O silêncio a si mesmo tem duas aplicações importantíssimas: Silenciar para ouvir o coração; Refletir e ponderar sobre nossos próprios pensamentos, feitos, sonhos e sentimentos. "Examine-se, pois, o homem a si mesmo..." (I Co 11:28). Trata-se de uma introspecção, auto-análise, um mergulho no mais recôndito de nosso ser, reavaliando nossa motivação, propósitos, sensibilidade e comportamento. Como estamos? Somos os mesmos? Em que mudamos?

A prática do silêncio em períodos programados. Um tempo de silêncio. O silêncio da fala, da voz, da opinião, do barulho. Silêncio para o corpo: Silenciar para sossegar, descansar e dormir. Silêncio para a alma: Um momento de paz, de tranqüilidade no coração. É calmante, anti-estressante, amigo da quietude, serenidade, do domínio próprio e da longanimidade.

O silêncio terapêutico é balsâmico: alivia as tensões e sereniza a alma. Silêncio para calar todas as vozes e esperar em Deus. Ele aguça nossa percepção espiritual e o discernimento da vontade do Senhor.

CONCLUSÃO

O silêncio é valioso, sobretudo quando estamos em uma situação difícil, quando é preciso mais ouvir do que falar, mais pensar do que agir, mais meditar do que correr. Tanto a palavra quanto o silêncio revelam o nosso ser, a nossa alma, aquilo que vai dentro de nós. Jesus disse que “a boca fala daquilo que está cheio o coração” (Lc 6,45).

Basta conversar por alguns minutos com uma pessoa que podemos conhecer o seu interior revelado em suas palavras; daí a importância de saber ouvir o outro com paciência para poder conhecer de verdade a sua alma. Sem isso, corremos o risco de rotular rapidamente a pessoa com adjetivos negativos.

Sabemos que as palavras são mais poderosas que os canhões; elas provocam revoluções, conversões e muitas outras mudanças. A Bíblia, muitas vezes, chama a nossa atenção para a força das nossas palavras. “Quem é atento à palavra encontra a felicidade” (Ecl 16,20). “O coração do sábio faz sua boca sensata, e seus lábios ricos em experiência” (Ecl 16, 23). “O homem pervertido semeia discórdias, e o difamador divide os amigos” (Ecl 16,28).

“A alegria de um homem está na resposta de sua boca, que bom é uma resposta oportuna!” (Pr 15,23).

Fale com sinceridade, reaja com bom senso e sem exaltação e sem raiva e expresse sua opinião com cautela, depois que entender bem o que está em discussão. Muitas vezes, nos debates, estamos cansados de ver tanta gente falando e poucos dispostos a ouvir.

Os grandes homens são aqueles que abrem a boca quando os outros já não têm mais o que dizer. Mas, para isso, é preciso muito exercício de vontade; é preciso da graça de Deus porque a nossa natureza sozinha não se contém.

Deus nos fala no silêncio, quando a agitação da alma cessou; quando a brisa suave substitui a tempestade; quando a Sua palavra cala fundo na nossa alma; porque ela é “eficaz e capaz de discernir os pensamentos de nosso coração” (Hb 4,12).

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