quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

DESERTO - ESCOLA DA ALMA, CORPO E ESPÍRITO

Não há na Bíblia nenhum homem que teve um ministério próspero e reconhecido sem ter passado pelo deserto, e todos que tentaram assumir posições, sem a devida formação, foram lançados por terra.

O alvo de Deus para nossas vidas é que sejamos completamente aprovados em nossas atitudes, nas motivações do nosso coração, que sejamos a expressão de Cristo para as pessoas no Seu quebrantamento, amor e brandura.

O poder de Deus expressa sempre Sua grandeza e glória; por outro lado, o caráter de Cristo em nós revela Sua pessoa. Deus não tem como meta apenas revelar Sua grandeza, Ele quer revelar-Se.

Mas como homens duros, obstinados, arrogantes e cheios de si podem chegar a essa posição de expressarem Cristo? Como serão quebrantados? Através dos tratamentos de Deus. Dentre estes, os mais eficientes são o deserto e as circunstâncias.

O que é deserto?

O deserto aponta para uma fase em nossas vidas determinada por Deus para nos amadurecer e nos aprofundar no relacionamento com Ele. É um tempo difícil para a carne e para o ego, pois normalmente o deserto vem para golpeá-los.

A Bíblia nos diz que Deus é Pai, que nos ama e zela por nós com grande cuidado.

Quando estamos no deserto, normalmente nos entristecemos achando que Deus não nos ama, não nos ouve e que nos rejeitou. Mas é exatamente o contrário!

Não gostamos do deserto porque somos infantis no conhecimento de Deus. Tal como as crianças nós gostamos do que é agradável, mas detestamos o que nos causa desprazer.

Deus não tem compromisso em nos ser agradável. Ele tem a decisão de fazer o que será melhor para nós.

Muitas vezes o que fazemos não agrada nossos filhos, mas não nos perturbemos. Sabemos que o que fazemos é o necessário. E o melhor.

DESERTO É TEMPO DE PRESSÃO

E é com essa ótica que Deus nos envia ao deserto.

Só somos totalmente conhecidos quando colocados sob pressão. E esta pressão vem primeiro para que se torne conhecido o que realmente somos. Nós achamos que nos conhecemos bem. Que engano!

Nesse processo de nos conhecermos, a auto-análise e a introspecção só atrapalham pois as suas cogitações vêm da mente, com conceitos totalmente deturpados. A auto-análise gera orgulho ou sentimentos de inferioridade, é carnal e altamente nociva.

Fora da luz e revelação do Espírito Santo, nenhum conceito sobre nós mesmos é digno de crédito.

O deserto traz essa pressão a fim de que se manifeste o que somos para as pessoas.

Há muitos irmãos que, em condições normais, gastam imensa energia da alma para manterem firmes suas máscaras de espiritualidade, paciência, brandura, pureza e profundidade no conhecimento de Deus. Estão o tempo todo se policiando, a fim de vender uma imagem que não corresponde à sua realidade. Entretanto, quando as pressões do deserto vêm, tudo desmorona.

O que somos, somos. O que fingimos ser, cai à vista de todos. Toda a nossa carnalidade fica exposta.

O deserto nos capacita a suportar pressões. Não é possível Deus confiar nada a nós antes de passarmos pelo deserto. Esta fase em nossas vidas visa transformar pessoas fracas e vacilantes em pessoas fortes e corajosas.

Antes de passarmos por esse tempo, quando as pressões de satanás, do sofrimento e do conflito nos atacavam, nossa tendência era jogar tudo para cima, assentarmos sobre uma pedra e chorarmos chamando pela nossa mãe. Não éramos confiáveis.
O deserto nos toma rijos, destemidos e calejados para as pressões. Com o tempo, nossa capacidade. de suportar pressões vai aumentando, ao mesmo tempo em que aumenta a unção, as responsabilidades e o reconhecimento dos homens.

Sem passarmos pelo deserto, tomaríamos para nós toda a glória que pertence a Deus, pois não éramos confiáveis. Quando, sob a menor pressão, nos tornávamos incrédulos, murmurávamos e abandonávamos tudo. Após o deserto as coisas mudam.
DESERTO É TEMPO DE SOLIDÃO

Por muitas vezes, diante das nossas adversidades desejamos a presença de amigos, pastores e discípulos. Muitas vezes desejamos a intimidade de grandes homens de Deus, mas em todas estas ocasiões somos frustrados por Deus.
Depositamos grandes expectativas na vida de alguns notáveis homens de Deus, mas o Senhor nunca permite que estas expectativas se cumpram: Deus quer que dependamos exclusivamente d'Ele, não do homem.

Temos toda essa tendência, sincera, de buscar a Deus através de homens e mulheres que já alcançaram grande intimidade com Ele. Não queremos passar pelo processo do deserto.
Desejamos achar nas pessoas o que Deus quer nos dar de Sua própria presença. O deserto vem para nos decepcionar com toda expectativa e esperança colocada no homem. Isso não é negativo, é muito bom para nós. Passamos a ter como única alternativa o Senhor.

Chega um tempo em que já esperamos tanto do homem sem nada receber que nos desiludimos.
Abandonamos aquela idéia infantil do "grande homem de Deus que vai vir de não sei onde, vai impor as mãos não sei de que jeito, eliminando todos os problemas e transformando a vida num mar de rosas".

Na solidão do deserto parece que não há mais ninguém com quem podemos contar. Todas as pessoas se tomam distantes, impessoais e parecem não nos compreender. Isso é obra de Deus. Ele quer se tornar o nosso amigo mais íntimo, nosso companheiro de todas as horas, o ombro amado onde choramos as nossas tristezas.
Ele se torna, no deserto, a única pessoa a quem podemos recorrer. Ao sairmos do deserto perdemos as amizades naturais, os heróis humanos, os parentes mais queridos e ganhamos a Deus.

Bendita perda; bendito ganho!

DESERTO É LUGAR DO ESGOTAMENTO DA ALMA

No deserto não há água, não há vida, não tem descanso. Só calor e exaustão. Nossas energias naturais vão se esgotando pouco a pouco até não haver mais nenhuma força, nenhum ânimo, nenhum entusiasmo.

O tempo do deserto é tempo sem sabor, sem cor, sem novidade, sem sentimento. Deus retira todos os estímulos naturais que nos animavam no natural. O alvo de Deus é nos livrar da dependência da nossa vida natural e nos capacitar a depender inteiramente do Seu Espírito.

Enquanto temos estímulos de todas as formas, não precisamos depender de Deus. Fazemos tudo no entusiasmo da alma. Com esse tempo, o alvo de Deus é retirar os estímulos a fim de andarmos nas nossas próprias forças e nos exaurirmos completamente.

Quantos homens e mulheres de Deus passam por períodos de estafa!! O que caracteriza esse esgotamento é a exaustão de todas as energias da alma. Às vezes até oramos por tais irmãos para que Deus os restabeleça.
Tal oração é contrária à vontade de Deus. Aliás, Deus mesmo vai cooperar para que a estafa, o esgotamento mais completo venha o mais depressa possível.

Se andarmos baseados em nossa vida natural, não estamos andando por fé e nem no Espírito. Chame como quiser, mas a Bíblia diz que isso é andar na carne.
Precisamos saber que andar na carne não é só cometer pecados grosseiros e manifestar aqueles frutos horríveis mencionados em (Gálatas 5). Andar na carne é não depender de Deus, é depender de sua vida natural, de seu ego.

O deserto, pois, vem para nos acabar, para destruir toda autoconfiança, um modo de passar o prejuízo para outro. Quando injustiçados, vamos à desforra. Reivindicamos, exigimos, desprezamos e usamos da nossa força humana para estabelecer nossa própria vontade.

Não percebemos que, ao nos impormos, estamos fora do padrão do caráter de Cristo e nos endurecemos contra os tratamentos de Deus, pois justamente aquilo que mais nos incomodou era a mão de Deus nos tratando.
Aquele chefe no trabalho, aquele líder na Igreja, aquela pessoa que mais te incomoda. Aquele a quem mais é difícil de se submeter, amar e aceitar é justamente quem está mais sendo usado por Deus para te aperfeiçoar.

Ceda! Seja maleável, mude, responda a Deus. A mão bendita do obreiro está sendo revelada justamente na situação que você mais detesta.

p/ Pra. Mara Barbosa

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