Nós do "Ministério Carvalhos de Justiça", fomos muito edificados com esta matéria em forma de entrevista e por este motivo resolvemos postá-la, para que você sogra, nora, genro, filho ou filha também possam com bastante discernimento entende-lá e ser edificado (a).
“Só me lembro da minha sogra como um tropeço. Ultimamente tenho tido mais paciência, mas isso é fruto de muita oração e lágrimas”. Esta frase é de R. A. (ela pediu para não ser identificada), professora. Ela diz que há mais de 13 anos sofre com problemas em seu casamento por causa de sua sogra. Assim como ela, diversas pessoas vivem este mesmo drama. A sogra, que tinha tudo para ser uma ‘segunda mãe’, passa, muitas vezes, a ser uma ‘pedra de tropeço’ no casamento dos cônjuges.
O relacionamento entre o casal e os sogros é sempre comentando. Poucas são às vezes que se ouve alguém elogiar os sogros, em especial a sogra. Esta, ao que parece, é a mais enfatizada quando surge este assunto. Muitas delas querem realmente ajudar, se preocupam com determinadas situações dos filhos. No entanto, esta entrevista não aborda sobre estas que são bênçãos na vida dos filhos, mas aquelas que realmente dominam e chegam, algumas vezes, serem a causa do término de muitos relacionamentos. Como, então, lidar com a sogra? Como evitar problemas?
O Lagoinha.com conversou com a pastora e psicanalista Lúcia Helena Albuquerque do Santos. Ela é Bacharel em Teologia e juntamente com o seu esposo – também psicanalista –, Jeiel Eduardo dos Santos, é co-pastora na Igreja Batista Shekinah, em Pedro Leopoldo, Minas Gerais.
O mais interessante nesta entrevista é que a doutora Lúcia Helena quando foi convidada a falar sobre este assunto, passou pela mesma situação. Então, mais do que falar como uma profissional da área, doutora Lúcia conta sua própria experiência.
Lagoinha.com: O que a senhora pode falar sobre esta relação, muitas vezes problemática, entre sogra e cônjuges?
Lúcia Helena: É lamentável que seja insignificante o número de pessoas que se relacionem de forma amigável com a ‘sogra’, que um dia certamente também já foi nora. Sobre este tema, muitas piadas já foram inventadas; poetas e músicos compõem poesias e canções jocosas que despertam gargalhadas de grandes platéias. Abordo, aqui, este assunto através de minha visão como pastora comprometida com a Palavra de Deus e também como psicanalista.
Sou nora de quem só teve um filho, o meu marido. Hoje sou sogra, mas não me sinto sogra, ganhei um filho e tem outro chegando aí, e o sentimento é o mesmo, por uma simples razão bíblica: os filhos não são nossos. (Salmo 127, verso 3) diz: Eis que os filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão.
Há mulheres, mesmo as que servem ao Senhor, que se esquecem disso; vivem como se os filhos fossem suas possessões e para se dispor e abrir mão deles é um sacrifício, um sofrimento mortal. Lembro-me de uma senhora que assistia ao culto da família, e quando o meu esposo – pastor Eduardo – comentava a respeito deste texto, e da necessidade que tínhamos de soltar nossos filhos (que são como flechas nas mãos de um homem valente – Sl. 127.4) para que se unam a alguém e formem um novo lar em outro endereço, ao final do culto, a referida irmã falou muito séria para o pastor que não concordava com a palavra. Ela achou bom os filhos não estarem presente no culto, pois são casados e moram todos na mesma casa.
O medo dela é que eles saiam de sua casa para morar em outro lugar, não suportaria ficar sem os filhos e morar só ela e o marido numa casa tão grande.
Meses mais tarde lá estava a mesma senhora pedindo orações pelo seu lar que estava cheio de problemas e ela estava com depressão. As pessoas se esquecem de que Deus tem princípios já estabelecidos e eles devem ser obedecidos e não questionados. A não aceitação da Palavra (Bíblia) é desobediência ao Senhor e a desobediência traz conseqüências que podem ser graves. Outro exemplo traumático é o de uma senhora que se ligou de tal maneira ao filho, que o impedia de namorar e conhecer moças com quem pudesse se relacionar.
Sem muita alternativa, este jovem, sem que a mãe percebesse, se envolveu com a moça que fazia os serviços domésticos da família engravidando-a. E por ser um jovem de princípios morais, assumiu a responsabilidade casando-se com a jovem prematuramente e morando junto com a mãe; erro sobre erro. Os anos se passaram e por necessidade de serviço o rapaz se transferiu para outra cidade. O que seria a grande oportunidade para viverem agora com os três filhos pequenos a independência como família, não fosse a força da ligação simbiótica, mãe e filho, que na altura dos acontecimentos veio interferir entre eles.
Mesmo à distância, a mãe ditava as regras e, como se não bastasse, quando iam visitar à casa da mãe, que agora se encontrava viúva, o jovem esposo era obrigado a dormir no quarto da mãe e a esposa com filhos em outro quarto. Levaram anos nessa vida de casados, sem a alegria do bom relacionamento a dois e com os filhos, pois, a sombra da sogra era sempre presente. Até que os filhos cresceram, se tornaram adolescentes vendo tudo isso e já compreendendo um pouco da situação, começaram a questionar, mesmo porque viam sua mãe triste, doente e desprezada pela avó, e o pai sem autoridade alguma.
O resultado desta triste história, é que estão separados e os filhos não querem nem saber deste pai. E este voltou a morar com a ‘mamãe’, como se ainda fosse solteiro. Este tipo de ligação simbiótica mãe filho é doentia, esta mulher não tinha nada na vida a não ser o filho e não podia perdê-lo, não cortou o ‘cordão umbilical’, o vínculo emocional.
O ser humano necessita de carinho, de sentir-se bem aceito. E quando isso lhe falta na trajetória de sua vida, principalmente a mulher quando no casamento não alcançou a realização de ser mulher, amar e ser amada. O filho será sua identificação, sua razão de vida; e quem se interpor no caminho levará ‘chumbo’ e muita dor de cabeça para administrar. Esta mulher, se não buscar intimidade com Deus e a sua ação miraculosa, se tornará uma “sogra indesejável”.
Lagoinha.com: Por que existem sogras que não conseguem cortar o “cordão umbilical” após o casamento dos filhos? Qual é o sentimento: ciúme, posse?
Lúcia Helena: Na verdade elas não conseguem mesmo ‘cortar o cordão’ umbilical porque são carentes emocionalmente, não admitem, mas são. Algumas chegam até a desenvolver alguma patologia psicoemocional (ficam doentes).
A natureza da mulher é ser doadora, por isso somos mães. Deus nos fez sensíveis, prontas para amar e nos doar. Doamos o ventre que guarda durante nove meses o filho amado, doamos o peito que depois o alimenta. Podemos contemplar no rostinho do pequenino filho a alegria compensadora das dores do parto.
significado de amor para a mulher é carinho, segurança, proteção, isso em palavras e atitudes no dia a dia. E quando isso lhe falta, pode instalar na mulher adulta carências emocionais que se não supridas pelo marido, que não compreende esta área tão importante para o relacionamento do casal. Esta mulher acaba por se doar sem reservas para aquele ser tão pequeno que depende totalmente dela, que é parte dela. E o toma como sendo sua propriedade, seu alvo principal, sua realização, seu ‘pequenino’ que nunca estará suficientemente adulto e independente dela. Esta mãe não sabe viver sem esse filho(a).
E ai de quem tentar tirá-lo dela! Ela não faz idéia do dano que estará causando a este filho(a), ela estará comprometendo a felicidade do ser que diz amar. Quero lembrar novamente que a Bíblia nos ensina que os filhos não são nossos, eles são herança do Senhor. Um presente que devemos preparar, equipar nos padrões da Palavra, e devolvermos para Deus, para a sua obra, para que este filho cresça, deixe pai e mãe e se una ao seu cônjuge, se tornando uma só carne.
Em relação ao ciúme – medo de perder e desejo de posse – a mãe tem medo de perder o objeto do seu amor, pelo qual renunciou a própria vida, e o desejo de que seja para sempre sua propriedade. A ameaça de perdê-lo gera insegurança, conflitos, que levam a mãe a agarrar-se ao filho como sua propriedade, e fará de tudo consciente ou inconscientemente para não perdê-lo (diz que vai morrer, que seu coração não vai suportar etc...).
Lagoinha.com: De quem é a culpa? Visto que muitos filhos dão liberdade para que a sogra continue ‘se intrometendo’.
Lúcia Helena: Não devemos procurar de quem é a culpa, e sim de que forma orientar um jovem a se comprometer com a Palavra de Deus, que ensina deixar pai e mãe para se unir a alguém, dentro da vontade divina. Honrar pai e mãe não é fazer tudo que eles querem quando você já é adulto e, principalmente, casado.
Os casados devem fazer de tudo para agradarem um ao outro, a prioridade do marido é a esposa, nunca a mãe ou quem quer que seja antes da esposa. A prioridade da esposa é o marido e ninguém mais, nem mesmo a mãe. A mãe já cuidou, já equipou mal ou bem, mas já o fez. Seu tempo de dar ‘pitaco’ ou de se intrometer, sugerindo qualquer coisa, já passou.
O filho agora não precisa mais dos cuidados maternos, ele é casado, sabe se cuidar e cuidar de alguém, se não sabe, é porque não o ensinaram como deviam, e o tempo de ensinar já passou. Deixe que ele aprenda com seus próprios erros. Deus não deixou nenhum ensinamento para que a sogra viesse a dar na vida dos filhos casados.
Cabe ao homem ser líder na sua casa, e não permitir que a sogra de sua esposa interfira no andamento de seu lar, para que também a sua esposa não venha necessitar da liderança de uma mãe simbiótica. Os próprios filhos é que devem dar fim as ligações umbilicais com suas mamães.
O cônjuge não deve procurar briga com a sua sogra, ou seja, com a mãe do outro por estar se intrometendo. Ele deve conversar com o seu cônjuge, com educação e consideração, porém, com firmeza e ternura, mostrando a posição de cada um. Os pais só devem intervir com os filhos quando convidados, o mais, o que sempre devem fazer, é orar por eles para que sejam felizes na presença do Senhor.
Lagoinha.com: Qual deve ser a atitude de um casal que esteja vivendo sob o ‘domínio’ da sogra?
Lúcia Helena: Sair desse domínio, reunindo as forças que ainda lhes restam, saindo desta situação que é de desobediência aos ensinamentos de Deus, e quando um casal está em desobediência a Deus, abre uma porta (brecha) para que as ações de satanás minem o relacionamento. As atitudes de um casal devem ser pautadas na Palavra de Deus.
“Quem casa quer casa” diz o ditado. E na casa a administração do lar cabe ao casal, em comum acordo, na dependência divina e de ninguém mais, nem do papai, nem da mamãe, nem da vovó, nem do vovô, nem da titia nem do titio nem de amigos, aliás, amigos que realmente são amigos, não se metem, não atrapalham a vida dos amigos casados.
Lagoinha.com: Quando os filhos casam seus pais perdem ou ganham?
Lúcia Helena: Casamento é uma instituição divina, ninguém sai perdendo. Os pais não perdem seus filhos por causa do casamento deles. Porém, assim como pensa no coração assim é. Aquilo que profetizamos acaba nos acontecendo. Acredito que o medo de perder faz com que a mãe não aceite com amor o cônjuge de seu filho. Os pais têm a responsabilidade de incutir em seus filhos, ainda bem pequenos, os ensinamentos da Palavra de Deus, e ensiná-los com suas próprias vidas.
Com o exemplo ensina-se muito mais. Os ensinamentos de Deus para o casal são: 1 - “Deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua mulher tornando-se os dois uma só carne” (Gen. 2.24); 2 - "Que a esposa, a auxiliadora idônea, seja submissa a seu marido como ao Senhor" (Gen. 2.18b; Ef. 5.22); 3 – “Maridos, amai vossas mulheres como também, Cristo amou a Igreja e a si mesmo se entregou por ela, morrendo na cruz” (Ef. 5.25); 4 – Que o casal reconheça suas prioridades: primeiro, o reino de Deus sobre todas as coisas – não a organização igreja. A prioridade do marido é a esposa antes dos filhos. A prioridade da esposa é o marido antes dos filhos.
Lagoinha.com: Um conselho às sogras.
Lúcia Helena: Queridas mulheres sogras, vocês são pessoas tão especiais, são um sonho de Deus, e Ele quer que vocês entreguem todos os seus problemas nas mãos dEle, pois não deseja que vocês sofram. Vivam para Deus e aprendam os ensinamentos de sua Palavra.
“Não andeis ansiosas por coisa alguma; antes apresenteis tudo, pela oração e súplicas e com ação de graças diante de Deus. E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Fl. 4.6,7).
O mais lindo exemplo de sogra que conheço, é o de Noemi, e está registrado no livro de Rute. Ela soube cativar o amor de sua nora, amou-a como filha. Quando viúvas, se uniram de tal forma, que sua nora Rute não a abandonou, voltaram juntas para a terra natal de Noemi. Noemi foi uma mulher temente a Deus, soube amar e compreender sua nora, sabia que Rute era jovem, e que podia reconstruir uma família, então ajudou-a em um novo casamento, e veio a se alegrar intensamente ajudando-a a cuidar de seu bebê como se fosse seu neto.
Amada irmã, enquanto seus filhos eram pequeninos, foi sua responsabilidade cuidar deles para Deus, educá-los, equipá-los para serem esposos e esposas segundo o projeto divino, deixando pai e mãe para se unirem a seus cônjuges e serem felizes. O melhor que uma sogra pode fazer para seus filhos casados é não interferir em nada e em momento algum, o ideal é somente orar por eles, para que as bênçãos do Senhor os alcancem.
Nunca critique sua nora por não saber cozinhar tão bem quanto você, que tem anos de experiência. Somente aconselhe quando for solicitada, e pelo casal, nunca tome as dores ou as razões de seu/sua filho(a), eles precisam cuidar um do outro como casal. E você amada, cuide de você mesma, reveja sua auto-estima, faça alguma coisa por você mesma, se valorize como pessoa competente. Aprenda coisas novas, a vida é bela, é um Dom de Deus.
Viva sua vida, não deixe os filhos viverem-na por você. Não deixe seus sonhos morrerem. “Levanta-te e resplandece porque já vem a tua luz e a glória do senhor vai nascendo sobre ti.” (Is 60.1.) Deus, abençoe cada pessoa que ler esta entrevista. Que mães ou filhos possam aprender dentro da Palavra a viver com alegria os projetos divinos para a família.
por : Ana Paula Costa - Redação da Lagoinha
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