terça-feira, 28 de junho de 2011

AS SEMENTES DO CORAÇÃO HUMANO

Propôs-lhes outra parábola, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao homem que semeia a boa semente no seu campo;Mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou joio no meio do trigo, e retirou-se.E, quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio.E os servos do pai de família, indo ter com ele, disseram-lhe: Senhor, não semeaste tu, no teu campo, boa semente? Por que tem, então, joio? E ele lhes disse: Um inimigo é quem fez isso. E os servos lhe disseram: Queres pois que vamos arrancá-lo? Ele, porém, lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele.Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: Colhei primeiro o joio, e atai-o em molhos para o queimar; mas, o trigo, ajuntai-o no meu celeiro.Outra parábola lhes propôs, dizendo: O reino dos céus é semelhante ao grão de mostarda que o homem, pegando nele, semeou no seu campo;O qual é, realmente, a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado.Tudo isto disse Jesus, por parábolas à multidão, e nada lhes falava sem parábolas;Para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta, que disse: Abrirei em parábolas a minha boca; Publicarei coisas ocultas desde a fundação do mundo.Então, tendo despedido a multidão, foi Jesus para casa. E chegaram ao pé dele os seus discípulos, dizendo: Explica-nos a parábola do joio do campo.E ele, respondendo, disse-lhes: O que semeia a boa semente, é o Filho do homem; O campo é o mundo; e a boa semente são os filhos do reino; e o joio são os filhos do maligno; O inimigo, que o semeou, é o diabo; e a ceifa é o fim do mundo; e os ceifeiros são os anjos.Assim como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo.Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade. E lançá-los-ão na fornalha de fogo; ali haverá pranto e ranger de dentes.Então os justos resplandecerão como o sol, no reino de seu Pai. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. (Mt 13, 24-43)

Em uma suas tantas parábolas, Jesus Cristo nos fala sobre o joio e o trigo. O primeiro, a semente ruim; o outro, a boa semente. Por serem parecidas, acabam sendo lançadas juntas no mesmo campo. E juntas acabam por crescer.


O joio, porém, é uma planta que sufoca as que crescem perto dela, impedindo seu desenvolvimento. O trigo, por sua vez, é a semente que vai gerar o pão que alimenta corpo e alma.


Se o joio não for arrancado a tempo poderá estragar toda uma plantação. Mais: muitas vezes é necessário que cresça junto com o trigo, pois o ato de arrancá-lo pode comprometer também a boa planta. Na colheita é necessário separá-los e lançar fora o joio que de nada serve para o homem e preservar o trigo que se tornará alimento.


Jesus nos conta essa parábola para comparar com as características de ambas as plantas a natureza humana. Trazemos dentro de nossa alma aboa e a má semente; a bondade e a maldade; o divino e o pecado.


Muitas vezes fazemos papel de joio, sufocando aqueles que nos cercam, sem entender-lhes as razões, embotados que ficamos em nosso próprio egoísmo ofendendo com ações ou palavras que ferem profundamente a alma deixando assim cicatrizes que se não curadas, tornam-se muitas vezes grandes fatores de impedimento para que possamos continuar levando uma vida social normal. Muitas vezes somos trigo, alimentando nosso irmão com ações concretas de ajuda ou com nossas orações ou, ainda, apoio moral e afetivo e dedicação do mais sublime amor.


Como joio precisamos também ser lançados fora para que não prejudiquemos nossos semelhantes. É isso que Jesus vai dizer ao final de sua parábola: não poderemos ser salvos se vivermos uma vida em que nossa porção joio seja a que mais aparece.


Ao contrário, precisamos conviver com este mal que existe em nós e aprender-lhe os caminhos por onde ele aparece. E, assim, quando chegar a época de crescer junto com o trigo, poder conhecer-lhe os movimentos e, assim, ter cuidado de não deixar o mal tomar conta de nosso coração. E, além disso, quando chegar a época da colheita poderemos ver que nossas boas ações suplantam as más e que o divino é o que brilha em nossas atitudes.


Joio e trigo sementes que crescem sutilmente e juntas no coração humano! Sementes que não podem, porém, ser misturadas sob pena de uma sufocar a outra e, pior, a ruim sufocar a boa. É preciso, por isso, uma constante vigilância, uma permanente escuta e leitura de nossa vida para perceber qual a semente que mais cresce em nós.


É fundamental, por fim, a oração, via por onde Deus nos fala e nos aponta caminhos para descobrir as condições ideais para crescimento da boa semente, afastando com sua mão poderosa o temido joio. Possamos, pois, produzir constantes frutos bons, alimentando os outros e semeando boas sementes para que colhamos todas as boas ações que plantarmos para com nosso próximo.


Que possamos refletir esse ensinamento do Mestre e tirar de dentro de nós aquilo que muitas vezes tem se tornado obstáculo para nosso crescimento espiritual e até mesmo sem perceber acabamos nos afastando de nosso Pai Criador.

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