terça-feira, 31 de maio de 2011

O TRIPÉ DA COBIÇA: DINHEIRO, SEXO E PODER

Uma das figuras que marcou a História por suas grandes conquistas, e sendo ainda tão jovem, foi Alexandre "o Grande", que, certamente, enveredou por todo esse tripé, alucinadamente perseguido pela maioria das pessoas. Ao chegar ao topo de cada faceta desse tripé, fica uma lição para se refletir, se vale ou não atingir "tal conquista".


Pare, pense e reflita: Havia um sábio e bom rei que já se encontrava no fim da vida. Pressentindo a chegada da morte, chamou seu único filho, tirou do dedo um anel e deu ao filho dizendo: "Meu filho, quando fores rei, leva sempre contigo este anel. Nele há uma inscrição. Quando estiveres vivendo situações extremas, de glória ou de dor, tira-o e lê o que há nele".


O rei morreu e seu filho passou a reinar usando sempre o anel que o Pai lhe deu. Passado algum tempo, surgiram conflitos com um reino vizinho que acabaram culminando em uma terrível guerra. À frente de seus soldados, o jovem rei partiu para enfrentar o inimigo. No auge da batalha, seus companheiros lutavam bravamente, mas havia muitos mortos, feridos, tristeza, dor...


O rei, quase em desespero, lembrou-se do anel, tirou-o e leu a inscrição: "Isto também passará!". E ele continuou a luta, perdeu batalhas, venceu outras, mas ao final saiu vitorioso. Retornou ao seu reino e, coberto de glória, entrou em triunfo na cidade. O povo aclamou ardorosamente o rei, o herói; foi um momento de orgulho e honra. Nesse momento, ele se lembrou de seu velho e sábio pai, tirou o anel e leu: "Isto também passará!".

Todas as coisas na Terra passam. Os dias de dificuldades passarão, os dias de triunfo e de glória igualmente passarão.

Alexandre "o Grande" também entendeu isso. À beira da morte, convocou seus generais para que cumprissem seus três últimos desejos:


1) que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos mais importantes médicos da época;

2) que fossem espalhados no caminho até seu túmulo os seus tesouros conquistados (ouro, prata, pedras preciosas), e

3) que suas duas mãos fossem deixadas fora do caixão, à vista de todos.

Um dos generais, admirado com desejos tão estranhos, perguntou a Alexandre quais as razões. E ele explicou:


1) quero que os importantes médicos carreguem meu caixão para mostrar que eles não tiveram poder de cura perante a morte. Por mais inteligente e importante que seja um homem ele é limitado;

2) quero que o chão seja coberto pelos meus tesouros para que as pessoas possam ver que os bens materiais aqui permanecem, e

3) quero que minhas mãos balancem ao vento para que as pessoas possam ver que de mãos vazias viemos e de mãos vazias partimos.

A Bíblia descreve a vida de Salomão, a quem Deus concedeu riquezas e glórias que nenhum mortal conseguiu conquistar até hoje. Uma rainha, ao visitá-lo, exclamou: "Metade não me contaram" (2ª Cr 9.6). Ele conheceu muito bem essa estrada do dinheiro, do poder e do sexo. Atente-se para os conselhos deixados por ele: "Tudo quanto desejaram os meus olhos, não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma..." (Pv. 2.10).

"Tudo quanto desejaram os meus olhos, não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma..." (Pv 2.10); "Afasta o teu caminho da mulher adúltera... Para que teus bens não se fartem os estranhos, e o fruto do teu trabalho não entre em casa alheia, e gemas no fim da tua vida..." (Pv 5.11). Veja mais exemplos em (Ec 4.10, 12-13) e (Ec 12.8,13).

Que tal ouvir a voz da sabedoria?


A palavra desejo não deve ser confundida com cobiça. O homem é um ser criado por Deus e foi criado com desejos naturais da vida. Mas, quando esse desejo parte para o nível do descontrole, de forma maliciosa e excessiva, é desagradável a Deus, aí podemos nomeá-lo de cobiça.


Áreas em Que a Cobiça Atua

A Bíblia nos relata a cobiça em três áreas em (1 João 2.15-16) “Não ameis o mundo, nem o que no mundo há. Se alguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele. Porque tudo o que há no mundo, a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida, não é do Pai, mas do mundo.” Vemos neste trecho que toda cobiça está totalmente ligada com o mundo (sistema pecaminoso).



Concupiscência da carne (desejos da natureza humana) – (Gálatas 5.19-20).


Concupiscência dos olhos (vontade de ter o que agrada aos olhos).


Soberba da vida (orgulho pelas coisas da vida– fama, riquezas, poderio e honrarias). Essas são três áreas chaves da atuação da cobiça na vida do homem e devemos vencer cada uma delas em consagração do nosso coração.

A Cobiça é o Princípio da Queda

Todo pecado consumado se principia na cobiça. “Mas cada um é tentado, quando atraído e engodado pela sua própria concupiscência. Depois, havendo a concupiscência concebido, dá à luz o pecado; e o pecado, sendo consumado, gera a morte.” (Tiago 1.14-15).


A cobiça gera um incentivo à prática do pecado, ou seja, ela faz com que o homem peque mesmo sabendo que está ultrapassando o limite estabelecido por Deus. É por isso que Salomão disse em (Provérbios 1.19) “Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida do que o possui.”.


Note que aquele que se entrega à cobiça sofre uma prisão ocasionada por ela. A cobiça é como uma arapuca ou alçapão. Se cair nela ficará preso e fará a vontade dela. Batalhamos para não pecar, mas, pelo fato de termos valorizado a cobiça, não encontramos forças perante a tentação e acabamos não resistindo ao pecado.

Exemplos de Danos Causados Pela Cobiça

A cobiça pode estar presente praticamente em todas as áreas da vida do homem. Cada um será tentado pela sua própria cobiça. Vejamos alguns exemplos bíblicos:


Vida sexual: Davi e Bateseba – (2 Samuel 11.1-3). A cobiça levou Davi a cometer dois grandes erros: adultério e homicídio. Essa é uma área da nossa vida que exige muita atenção, pois, se valorizarmos a cobiça nesta área acabaremos sendo dominados pela atração física e até mesmo pela obsessão emocional podendo acarretar sérios problemas para a nossa vida.


Podemos ver outros exemplos de erros cometidos por causa da cobiça nesta área através de: Amnom e Tamar – (2 Samuel 13.1-2); Salomão e suas mulheres – (1 Reis 11.1-4). Vale a penas acatar a orientação de Salomão em (Provérbios 6.23-25).


Vida material: Deus quer que prosperemos em tudo, mas o problema é que o homem tende a aplicar o seu coração nas suas conquistas e riquezas e isso tem trazido prejuízo a muita gente. Vivemos num mundo materialista onde se julga a vida cristã pelo “ter” e não mais pelo “ser” e isso tem feito muitas pessoas se afastarem do verdadeiro sentido do Evangelho.


Ser dominado pela cobiça nesta área material acarreta uma tremenda sequidão espiritual e faz com que as pessoas sejam dominadas pela ganância e avareza (que é a idolatria). A Bíblia nos diz que o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males – (1 Timóteo 6.10). E por isso somos orientados a não colocarmos o nosso coração nas nossas riquezas e conquistas terrenas – (Salmos 62.10).


Vejamos alguns exemplos bíblicos de pessoas que se deram mal por valorizar a cobiça material em seu coração:


– Judas Iscariotes – (Mateus 26.14-16)
– Geazi – (2 Reis 5.20)
– Acã – (Josué 7.20-21)


Fama e Status Pessoal e Religioso

A cobiça por vanglórias e reconhecimento humano nos traz uma visão errônea do reino de Deus. A cobiça valorizada nesta área acarretará certas dissensões e contendas em meio aos irmãos e segundo a Bíblia em (Provérbios 6.19) é o que Deus abomina.


Analisemos algumas pessoas que agiram mal devido a esse erro de valorizar a cobiça por algo pessoal envolvendo o reino de Deus:


– Corá – (Números 16.1-3).
– Religiosos da época de Jesus – (Mateus 27.17-18).


A cobiça nesta área trará consigo a soberba e que por sua vez trará a queda(Provérbios 16.18).


Relacionamento pessoal – Caim e Abel – (Gênesis 4.6-7).

Essa passagem bíblica é muito edificante para a nossa vida. Vemos que Deus advertiu Caim antes dele tomar sua desastrosa atitude de matar seu irmão.


Também vemos em (Provérbios 16.29-30). “O homem violento persuade o seu companheiro e guia-o por caminho não bom. Fecha os olhos para imaginar perversidades; mordendo os lábios, efetua o mal.”


COMO PODEMOS VENCER A COBIÇA?

Temos a orientação bíblica de que não devemos cobiçar - (Romanos 13:9). Mas, fica uma pergunta a cada um de nós: como podemos vencer a cobiça? Podemos adquirir na Bíblia alguns procedimentos que podem nos ajudar e muito a vencer esta grande incentivadora do pecado:

a) Não devemos ser ignorantes. Muitos caem nos laços da cobiça simplesmente pela ignorância a respeito dela. Somos advertidos constantemente a respeito dos perigos espirituais que enfrentamos no nosso dia a dia e não podemos ignorá-los dizendo que isso nunca acontecerá conosco ou que seja um exagero da parte da ministração e ensino da Palavra de Deus. Devemos encarar com seriedade este assunto na nossa vida.


A cobiça é como uma bola neve, ou seja, começa como algo muito pequeno e termina como uma grande avalanche, algo que pode causar grande destruição. Ainda que seja algo muito insignificante não devemos ser ignorante. A Bíblia nos diz em (Efésios 4.26) “ Não deis lugar ao diabo...”, ou seja, não dê espaço ou brechas para ele atrapalhar a sua comunhão com Deus.


b) Devemos guardar nosso coração(Provérbios 4.23). Segundo as palavras do Senhor Jesus em (Mateus 12.35) “o homem bom, do seu bom tesouro tira coisas boas, e o homem mau do mau tesouro tira coisas más”. É do conteúdo do nosso coração que se deriva as nossas ações. Se valorizarmos no nosso coração a cobiça, com certeza estaremos propensos a tomar atitudes que valorizam a carne e que desagradam a Deus.


E para isso precisaremos consagrar a Deus os canais de recepção da nossa vida, ou seja, teremos que santificar o nosso olhar, ouvir e meditar – (Provérbios 19:14) / (Salmos 101:3) . É de fundamental importância saturarmos o nosso coração com a Palavra de Deus para que possamos estar firmes contra a cobiça – (Salmos 119.11).


c) Aniquilando as fontes que estejam gerando a cobiça. Para se vencer a cobiça não basta conhecer a Bíblia, orarmos e jejuarmos com toda a intensidade (ainda que tudo isso seja necessário). Para vencermos a cobiça precisamos cessar com toda fonte de alimentação da mesma.


Precisamos mortificar as obras da nossa natureza decaída(Colossenses 3.5). Enquanto a alimentamos, ela terá força suficiente para nos conduzir à prática do pecado e estaremos sempre vulneráveis ao erro porque estamos dando brechas para a nossa velha natureza.


Essas fontes variam de pessoa para pessoa, uma vez que somos diferentes um do outro e como a própria palavra de (Tiago 1.14-15) nos deixa claro que cada um é atraído e engodado pela sua própria cobiça.

CONCLUSÃO

Devemos de todas as formas possíveis vencer a cobiça para que possamos estar na presença de Deus e fazendo aquilo que é agradável ao Senhor. E para isso não podemos ignorar o perigo que a cobiça nos traz. Devemos guardar o nosso coração de ser alimentado por aquilo que ultrapassa o limite estabelecido por Deus em Sua Palavra.


Que venhamos a avaliar a nossa vida e fechar todas as portas e brechas que o inimigo esteja aproveitando para semear suas artimanhas e ciladas contra a nossa vida.


Façamos assim e certamente venceremos a cada dia está árdua batalha contra o pecado.


Estamos diante da corrida que mais recebe inscritos no planeta Terra, a busca desenfreada pelo dinheiro, o sexo em todas as suas formas mais inescrupulosas, possíveis e o desejo de galgar o poder a todo custo e isso, diga-se de passagem, é um fato terrivelmente lamentável.


Pense nisso ... e que Jesus te abençoe.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

OS ESPELHOS DE NOSSA ALMA

Ao olharmos imagens refletidas nos espelhos, não vemos imagens exatas. Aliás, em certo sentido, reflexos não são realidades; são projeções da realidade. Podemos aprofundar um pouco mais esse raciocínio do sentido da realidade. Quando várias pessoas olham o mesmo objeto, elas o veem por ângulos diferentes e com interpretações diferentes. Elas veem um reflexo do que o objeto é. Com isso em mente, podemos dizer que ao olharmos a vida, o outro e a nós mesmos, temos, em geral, um entendimento muito particular de tudo.

Muitas vezes, nosso entendimento é completamente diferente do que realmente vimos. Por isso, a sabedoria nos ensina a enxergar o nosso mundo e o mundo dos outros, a fim de termos uma visão equilibrada e mais completa da vida. Em síntese, precisamos aprender a olhar.

É muito importante compreendermos qual imagem fazemos de nós mesmos, porque nem sempre essa imagem que temos de nós é verdadeira. Muitas vezes são impressões equivocadas. Por isso, demonstramos aos outros o que gostaríamos de ser, em vez daquilo que realmente somos. Por outro lado, por mais honesta que seja a nossa amostragem sobre nós mesmos, os outros sempre nos entenderão diferente, causando muito mal entendido entre as pessoas. Isso acontece porque, em geral, os outros nos vêem como eles são e não como nós verdadeiramente somos. As pessoas nos interpretam a partir delas mesmas.

Contudo, a imagem que deveríamos ter é a de Deus. A imagem de Deus não é uma ilusão de ótica existencial. É a nossa realidade. É a real imagem do ser humano. Que, você escolha o melhor da vida, que é a presença de Deus.

JOGO DE ESPELHOS

Precisamos sair em busca de nossa autocompreensão. A Janela de Johari é uma ferramenta que nos ajuda a compreender melhor essa dinâmica da personalidade. Existem quatro (4) lados em nossa alma. A parte de nós que todos conhecem é formada por nossa autopercepção. É a imagem que temos de nós e que passamos aos outros. Representa o que entendemos que somos e como somos. Essa janela é desenvolvida à medida que nossas relações se aprofundam. Quanto mais amizade sincera temos com uma pessoa, mais nos mostraremos a ela.



Há outra parte de mim que eu não enxergo. Sou cego para ela, mas os outros a enxergam. É uma área cega a nós, que mostramos inconscientemente. Ela é marcada pelas nossas reações e pelos nossos hábitos.


Há em nós uma parte que só Deus conhece, nem eu nem os outros conhecem. Esse é o lado de nossas motivações inconscientes, áreas inexploradas de nosso ser

“Cada um mente ao seu próximo; seus lábios bajuladores falam com segundas intenções.” (Salmos 12:2).


Há também a parte que nós escondemos. É o que conhecemos de nós mesmos, mas não revelamos por medo de sermos rejeitados. Assim, evitamos mostrar alguns aspectos de nossa personalidade para que a imagem que planejamos passar não seja distorcida. É a nossa parte secreta. São nossas sombras conscientes, defeitos de caráter que ocultamos para evitar opiniões que não gostaríamos de receber.

Tudo isso está em nossa alma e faz com que nossa vida seja, muitas vezes, como um jogo de espelhos, que ora reflete a imagem que desejamos passar, ora a imagem que passamos sem perceber. Muitas vezes, nosso comportamento é tal como um número dos circos antigos, apresentando a mulher que se transformava em gorila, usando apenas a luz e o jogo de espelhos.

Portanto, precisamos ter consciência do que realmente somos aos nossos olhos, aos olhos de outros e, primeiramente, aos olhos de Deus.

IMAGENS DISTORCIDA

As coisas da alma não são objetivas. Estas áreas não prática. Está tudo misturado em nossa alma como Rubik ou cubo mágico como ficou conhecido aqui no Brasil. Todas as áreas de nossa alma estão misturadas. Para vivermos em grupo, seja em casa, no trabalho, é preciso humildade, porque essa diversidade que está no exterior juntamente com a complexidade de nosso imagens que fazemos dos outros e, consequentemente, a imagem que os outros fazem de nós estão distorcidas. São quebradas, sujas e tortas, com uma infinidade de possibilidades.

Essa diversidade é a causadora das mais diversas decepções entre casais, amigos ou no ambiente do trabalho. A questão é que nós interpretamos demais o interior dos outros. Além de aprendermos a olhar para nós mesmos e para os outros, precisamos entender como nossos relacionamentos são afetafetados por estas distorções.


Muitas tensões acontecem quando nos sentimos diminuídos Mesmo que isso não seja verdade, nosso senso temos todas as defesas possíveis, impossibilitando uma relação honesta e franca. O amadurecimento na área relacional inicia autoengano. Encarar o que é real, sem idealizações ou fantasias, é a única forma de tomar as decisões que nos farão evoluir e crescer.

“Portanto, cada um de vocês deve abandonar a mentira e fala somos membros de um mesmo corpo.” (Efésios 4:25)

IMAGENS ESTILHAÇADAS

Saber que todo ser humano tem dentro de si luzes e sombras, como disse Machado de Assis, ajuda-nos a ser mais justos nas relações. Podemos olhar os outros sem idealizações, compreendendo que, muitas vezes, ao se sentirem afrontadas, as pessoas levantam suas defesas e com elas suas sombras e seus defeitos de caráter.

O relacionamento conjugal, por exemplo, muitas vezes entra em conflito porque enxergamos o outro pela lente de um ideal. Isso rouba de nós a oportunidade de amar e conviver com uma pessoa real. Brigamos quando a pessoa foge do padrão que dizemos ser o ideal.

Assim, muitos cônjuges amargam seu sofrimento, porque vivem debaixo de uma constante pressão e auto vigilância. Ficam infelizes porque não se sentem amadas. Contudo, não se sentem amadas por uma questão de reflexo. A imagem do espelho não é a imagem real, mas seu cônjuge insiste em relacionar-se com a imagem e não com a pessoa real.

“Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que dever ter: mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu.” (Romanos 12:3).

Quando descobrimos que aquela pessoa a quem achávamos ser acima de qualquer suspeita é um pecador comum como todos os outros, acontece uma grande decepção. A imagem dessa pessoa fica partida e estilhaçada como um espelho que se quebra no chão. Isso é porque estávamos nos relacionando com um reflexo e não com uma pessoa.


Aumentamos ou diminuímos demais a imagem das pessoas. Por isso, Paulo nos orienta: Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que dever ter: mas, ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida da fé que Deus lhe concedeu. (Romanos 12:3). Não pense de si além do que convém.

ESPELHOS DEFORMADOS

Para viveremos em harmonia com os outros precisamos nos relacionar com as pessoas onde elas estão e não onde queremos que elas estejam. Todo tipo de relacionamento precisa levar em conta o outro. O agravante é que, individualmente, já temos dentro de nós um universo de definições. Por isso, fica mais complicado não se desviar do objetivo. Por exemplo, eu penso que sou de um jeito. Contudo, tenho atitudes muitas vezes diferentes do que eu penso e sou, mas ainda quero aparecer bem no filme.

Precisamos da verdade reinando em nós. Sem exaltação pessoal mas buscando a verdade as relações são possíveis: marido e mulher, filhos e pais, patrões e empregados. Quanto menos imagens distorcidas existirem, melhor será a relação e maior crescimento haverá nessas relações. Muitas vezes nos encontramos insatisfeitos e desejamos mudanças algo que nos redima de nós mesmos. Queremos morrer e nascer de novo. Queremos mudar.

“Aquele que ouve a palavra, mas não põe em prática, é semelhante a um homem que olha a sua face num espelho e, depois de olhar para si mesmo, sai e logo esquece a sua aparência.” (Tiago 1:23-24).

A humanidade é convocada pela mídia a ter uma imagem copiada de acordo com o que estiver em alta no momento. Muda-se de gosto de acordo com o novo ditame da moda ou das novelas. Queremos ser como uma celebridade tal ou ter o corpo do modelo “X”.


Além disso, há uma exigência altíssima do padrão profissional e deseja-se uma pessoa com o estilo que anuncie o sucesso. Assim, tudo vai mascarando nossa vida e assumimos as características do que não somos mais do que os outros querem que sejamos. Essa pressão funciona como um espelho deformador, que nos impede de ser quem realmente somos.

Há muitos espelhos deformadores da nossa imagem, mas há um espelho revelador que nos conduzirá a toda a verdade: o Espírito Santo. Primeiramente, Ele nos ajudará a enxergar a nós mesmos. Ajudar-nos-á a enxergar áreas de nossa vida, que sozinhos não conseguiríamos enxergar. Ele faz isso com leveza e aceitação, ao mesmo tempo em que nos motiva a avaliar no que estamos nos tornando.

O ESPELHO REVELADOR

Olhe para você e perceba que sua verdadeira imagem é a de Deus. Fomos criados à Sua imagem e semelhança. Os teólogos usam a expressão latina “IMAGO-DEI” para se referirem a esse fato. Todos nós nascemos com esses traços que nos identificam com Deus. Por isso, podemos amar, somos capazes de escolher entre os ditames de nossos instintos e de nossa moral. Somos seres éticos porque estes são traços da imagem de Deus.

Também, somos seres desejosos e livres. Por isso, o nosso desejo de andar sem o Deus que nos criou, levou-nos a escolher caminhos degenerativos desta imagem em nós. Muitas vezes, caminhamos segundo nossos instintos e de acordo com nossos sentimentos em desarmonia. Isso faz da vida de muita gente um inferno.

Então compreendemos que existem dois (2) tipos de espelhos existenciais neste mundo: o que reflete em nós a imagem distorcida de nosso mundo e o que reflete a imagem de Deus. A pergunta chave é: qual destas imagens eu quero ter? Primeira Coríntios 13 nos mostra que a restauração da imagem de Deus é um processo contínuo de espelhamento, por meio de nossas escolhas e de nosso crescimento espiritual:

“Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido.” (I Coríntios 13:12)

Somente através do desenvolvimento do amor é que nossa imagem será restaurada e aprenderemos a lidar com as sombras dos outros. Portanto, amor não é algo pronto, como um fast-food. Não é um pacote que recebemos do Céu. Amor, para ser amor verdadeiro, precisa ser aperfeiçoado. Precisamos aprender a amar. Dessa forma o amor está aperfeiçoado entre nós, para que no dia do juízo tenhamos confiança, porque neste mundo somos como ele. (1 João 4:17)

O Espírito Santo é quem nos ensina a amar de forma prática. Ele cuida de nossa alma. Contudo, isso somente ocorre através de nossa relação com Ele. Um cristão nominal ou frio na sua fé jamais aprenderá o caminho do amor. Amados, visto que Deus assim nos amou, nós também devemos amar uns aos outros. Ninguém jamais viu a Deus; se amarmos uns aos outros, Deus permanece em nós, e o seu amor está aperfeiçoado em nós. Sabemos que permanecemos nEle, e Ele em nós, porque Ele nos deu do seu Espírito. (I João 4: 11-13).

Em outras palavras, o amor que vem de Deus é aperfeiçoado em nós à medida que praticamos o amor aos outros.

Por: Pr. Domingos Alves

terça-feira, 3 de maio de 2011

PERDÃO: REMÉDIO QUE CURA

A Bíblia descreve uma pessoa magoada como uma cidade murada ou como um portão com fortes trancas de ferro (Provérbios 18:19). Muitas pessoas já sofreram tantas experiências negativas nos relacionamentos que, aos poucos, foram acumulando ressentimentos e fecharam o coração com tais trancas.


Uma mágoa é uma espécie escrita de dívida, como uma nota promissória emocional que mantemos contra alguém dentro de nossa alma. Ela nos traz a sensação de sermos vitimados, criando uma sensação de que alguém nos deve algo e por isso é culpado.

O ressentimento é a emoção mais destrutiva para os relacionamentos humanos e para o bem-estar pessoal. Ele nos lança para dentro de um perigoso ciclo de auto-destruição: a mágoa produz a ira; a ira produz o desejo de vingança; vingança produz as ações destrutivas; as ações destrutivas geram um sentimento de derrota e fracasso; e este sentimento produz mais mágoa ainda. Mágoa é câncer de alma.

É um fato comprovado que a falta de perdão faz adoecer não somente a alma, mas também o corpo. Às vezes, uma pessoa fica doente e ao consultar o médico, tudo está perfeito no corpo. O problema está na alma. A maioria das doenças psicossomáticas, ou seja, doenças da alma que atingem o corpo estão associadas às nossas relações interpessoais.

Há um ditado no meio dos terapeutas que afirma o seguinte: quando a boca cala, o corpo fala; quando a boca fala, o corpo sara. Por isso, uma das palavras mais doces do cristianismo é o perdão. Que soltará as correntes que há muito aprisionam sua alma e não lhe permitem andar com naturalidade em todos os lugares.

Juiz da alma

A vida sem o exercício do perdão nos coloca na indevida posição de “juízes da alma dos outros”. Geralmente quando estamos magoados julgamos a pessoa que nos magoou, sem misericórdia alguma. Como esse julgamento acontece dentro de nós, sequer ouvimos as razões do outro. É como se em um dos ambientes da alma fosse transformado em uma sala de tribunal, só que composto apenas de um juiz e promotor de acusação.

Não há advogado de defesa porque ficamos completamente fechados dentro de nós mesmos, como uma cidade antiga, rodeada por altos muros e portões com trancas de ferro: “Um irmão ofendido é mais inacessível do que uma cidade fortificada, e as discussões são como as portas trancadas de uma cidadela.” (Provérbios 18:19).


Assim é a tensão interna do magoado que se recusa a perdoar. A falta de perdão provoca abatimento, auto indignação e afeta nossa auto imagem, porque muitas vezes nos sentimos incapazes de reagir. Abre abismos entre o homem e Deus e entre o homem e seu semelhante. A falta de perdão produz efeitos devastadores na relação conjugal. Abre um enorme abismo e o casal torna-se distante, estranho e sexualmente frio. Acabam-se todos os sonhos conjuntos surge o desgaste pessoal e a relação entra em processo de morte.

A mágoa e a culpa e a falta de perdão também produzem efeitos devastadores na relação com os filhos. A relação torna-se de pouca ou quase nenhuma intimidade. Há extrema pobreza na linguagem afetiva. Aniquila o companheirismo e passam a evitar o toque com as mãos, o que produz ainda mais o distanciamento. Por isso, Jesus diz:

“Não julguem, e vocês não serão julgados. Não condenem, e não serão condenados. Perdoem, e serão perdoados. (Lucas 6:27)

“Um irmão ofendido é mais inacessível do que uma cidade fortificada, e as discussões são como as portas trancadas de uma cidadela.” (Provérbios 18:19)



Absolvição da culpa

Somente o perdão é capaz de devolver vida ao ser e naturalidade às relações. Se por um lado a mágoa é um julgamento interior que sentencia alguém, no lado oposto, o perdão é também um julgamento interior que dá absolvição ao culpado. Perdoar não é negar a culpa de alguém; é absolver o culpado, apesar da culpa. Foi isso que Deus fez por nós e com nossas promissórias morais, espirituais e existenciais:

“Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz...” (Colossenses 2: 13-14)

Esse fato nos mostra que a partir do cristianismo, Deus propõe um novo modelo de espiritualidade, que é de dentro para fora, baseado não nas ordenanças e rituais, mas na transformação da vida e do caráter. É um estilo de vida baseado na graça e não na lei, no perdão e não na culpa. Uma das grandes mensagens do cristianismo é a possibilidade da vida segundo o espírito do perdão. O perdão nos devolve a vida, roubada pela sensação de prejuízo que a mágoa traz. Sentimo-nos novamente aceitos, devolve-nos o vigor e a força para viver.

Dar e receber perdão recupera a auto estima e nosso senso de dignidade. Essa foi a história da prostituta a quem Jesus tratou com respeito e perdão. Esse fato transformou a vida daquela mulher. Também foi o caso de Zaqueu, e de tantos outros personagens bíblicos que sentiram-se completamente restaurados por causa do perdão. Perdão restaura a dignidade nossa e das pessoas que nos magoaram.

“Ele nos perdoou todas as transgressões, e cancelou a escrita de dívida, que consistia em ordenanças, e que nos era contrária. Ele a removeu, pregando-a na cruz...” (Colossenses 2: 13-14)

Anulação da dívida

Perdoar é uma decisão tanto quanto um estilo de vida. O perdão é uma característica que vem do próprio Deus. É, digamos assim, seu estilo de vida.

“O Senhor é compassivo e misericordioso, mui paciente e cheio de. amor. Não acusa sem cessar nem fica ressentido para sempre; não nos trata conforme os nossos pecados nem nos retribui conforme as nossas iniqüidades”. (Salmos 103:8-10)

Porque o perdão é uma característica de Deus, deve ser um ideal a ser perseguido por cada um de nós. A Bíblia nos orienta a perdoar com base no mesmo perdão que recebemos de Deus.

“Sejam bondosos e compassivos uns para com os outros, perdoando-se mutuamente, assim como Deus os perdoou em Cristo.” (Efésios 4:21)

Ele pagou o nosso escrito de dívida com seu sacrifício de amor. Sua paixão por nós superou nossa dívida. Seu amor nos conforma e nos capacita a perdoar porque Ele nos amou e nos perdoou primeiro. Ele restaurou nossa dignidade e agora podemos olhar com misericórdia o nosso semelhante e vivermos em harmonia.

O perdão não é uma experiência meramente emocional, mas um exercício da vontade. Não é uma experiência de amnésia, mas de cancelamento de dívida. Perdoar é “desculpar”, ou seja, é tirar a culpa. É revogar a acusação. É rasgar a promissória que existe em nosso coração.

Pleito de culpa

Tão importante quanto saber perdoar é saber pedir perdão e também saber facilitar o reencontro. Tem gente que até consegue perdoar, mas jamais pede perdão, porque pedir perdão implica em admitir culpa. Nesse ponto, o que nos atrapalha é nosso orgulho. Não queremos admitir que somos réus dentro da alma do outro. Fugimos de toda e qualquer sensação de culpa.



Não temos que ter medo da culpa. Ela é uma reação natural e saudável de nossa alma, que nos ajuda a conhecer nossos limites. Só os psicopatas não têm senso de culpa. Por isso, não precisamos ter medo dela. Podemos aprender a admiti-la sem adoecer. Ter culpa é bom. Ter complexo de culpa, ou seja, sentir-se culpado por tudo, é que adoece. O que precisamos compreender para derrubar as muralhas de nossas vidas e de nossos amados?

Qualquer conflito no lar é provocado também por nós. Se você sente-se maltratado pelo seu cônjuge, acorde para a realidade de que dificilmente aquele amor maravilhoso e ardente de namorados esfriou sozinho. Com certeza você fez algo, ainda que inconsciente que contribuiu para a atual circunstância. É preciso char o ponto. Se deseja mudar a situação do relacionamento, precisa mudar o modo como venho tratando a pessoa ou as pessoas a quem amo.




Interesse-se verdadeiramente por ela enquanto pessoa. Dê a você mesmo a chance de ser mais humano. Interesse-se por seus assuntos e dilemas. A Bíblia diz que permanecer sob sua ira não produzirá na outra pessoa quebrantamento. Ao contrário só trancará mais ainda as portas.

Será que seu orgulho vale tanto assim a ponto de fazer arruinar seu relacionamento com os filhos ou esposa?

"A língua dos sábios torna atraente o conhecimento, mas a boca dos tolos derrama insensatez." (Provérbios 15:2)

"A resposta calma desvia a fúria, mas a palavra ríspida desperta a ira. A língua dos sábios torna atraente o conhecimento, mas a boca dos tolos derrama insensatez." (Provérbios 15:1-2)

Perdoado por Deus

Se deseja derrubar as muralhas, precisa colocar-se no lugar do outro e imaginar como ele se sente. Esse é o melhor caminho para liberar nosso perdão. Por isso Jesus disse:

“Assim, em tudo, façam aos outros o que vocês querem que eles lhes façam; pois esta é a Lei e os Profetas.”(Mateus 7:12)

Reconheça que a outra pessoa está sofrendo e esteja disposto a admitir erros. Sempre quem está com o espírito fechado está também com uma grande e insuportável dor em sua alma e uma grande desilusão. Afinal, qual o filho que desejou ser alvo de hostilidade dos pais?



Quais os pais que sonharam com o desprezo do filho? Qual o cônjuge planejou ser desconsiderado e humilhado pela pessoa a quem escolheu como companheira ou companheiro? Então, reconheça que as pessoas a quem você ama estão sofrendo e que os sinais de hostilidade são muitas vezes uma maneira desesperada de construir a muralha com o propósito de proteger-se. Mas compreenda também que esta muralha a fará sofrer ainda mais.

Admitir nossa responsabilidade é ser honesto conosco e com o outro. Admitir é um ato de coragem, que possibilitará refazer caminhos e aproveitar oportunidades para agir com sabedoria. Perdoar e saber pedir perdão são grandes qualidades da espiritualidade. Perdoando e pedindo perdão você interrompe o ciclo da agressão e não nutre atitudes erradas contra ninguém. Perdoando e pedindo perdão criamos espaços para as relações existirem. Mantendo o perdão, esses espaços serão sempre amplos e limpos. Perdoando e pedindo perdão mudamos o rumo, a conduta e a emoção.

Concentre os seus pensamentos, posicionamentos e súplicas no caráter de Deus. Busque a Palavra. Seja um adorador, isto é, esteja submisso ao Senhor. Uma boa razão para perdoar, é o fato de que fomos perdoados por Deus. Por isso é necessário que hoje você tome a decisão mais libertadora de sua vida.


Tome uma decisão que libertará você de todos os fantasmas do passado. Que soltará as correntes que há muito aprisionam sua alma e não lhe permitem andar com naturalidade em todos os lugares. Perdoar é alinhar-se com Deus na condução da história. Isso começa com nossa atitude de receber o perdão que Cristo dedicou a você.

Que você possa ser corajoso e enfrentar a si mesmo e seu orgulho. Você perceberá que sua vida mudará completamente quando aprender a viver como perdoado por Deus, que é tão perfeito, e saberá perdoar a quem igualmente é imperfeito como nós o somos. Viver no perdão significa viver associado com quem Deus é e com o que Deus faz. Esse é um estilo de vida libertador.

“Portanto, se o Filho os libertar, vocês de fato serão livres.” (João 8:36)





Pr. Domingos Alves