terça-feira, 1 de abril de 2014

O DIA DA MENTIRA E A VIDA DE MENTIRA


O dia 1º de abril é marcado como sendo o dia da mentira. Não se sabe ao certo quando se deu o início dessa “comemoração” mas hipóteses têm sido levantadas. 

Alguns acreditam que a origem está ligada com a adoção do calendário cristão, no século XVI, que mudou o primeiro dia do ano para 1° de janeiro e não mais 1° de abril, como era até então. Outros explicam o dia da mentira através da mitologia nórdica, a qual consagrava o dia 1° de abril a Loki, o deus das trapaças.  

Loki (também conhecido como Loke ou possivelmente Lothur) é um deus ou um gigante da mitologia nórdica. Deus do fogo, da trapaça e da travessura (“esse pseudo deus nos é muito familiar” não é mesmo....), também está ligado à magia e pode assumir a forma que quiser. Ele não pertence aos Aesir, embora viva com eles. É frequentemente considerado um símbolo da maldade, traiçoeiro, de pouca confiança; e, embora suas artimanhas geralmente causem problemas a curto prazo aos deuses, estes frequentemente se beneficiam, no fim, das travessuras de Loki. Ele está entre as figuras mais complexas da mitologia nórdica.

Ele possui um grande senso de estratégia e usa suas habilidades para seus interesses, envolvendo intriga e mentiras complexas. Sendo um misto de deus e gigante, sua relação com os outros deuses é conturbada.Segundo as lendas nórdicas ele iria liderar um exército no Ragnarok. Entretanto, ele é respeitado por Thor. Ele também ajuda Thor a recuperar seu martelo Mjölnir, roubado pelos gigantes, obtém alguns dos artefatos mais preciosos dos deuses - como a própria Mjölnir, a lança de Odin, Gungnir, os cabelos de ouro de Sif e o navio mágico de Freyr, Skidbladnir.

As referências a Loki estão no Edda em verso, compilado no século XIII a partir de fontes tradicionais, no Edda em prosa e no Heimskringla, escrito no século XIII por Snorri Sturluson. Ele também aparece nos Poemas rúnicos, a poesia dos escaldos, e no folclore escandinavo. Há teorias que conectam o personagem com o ar ou o fogo, e que ele pode ser a mesma figura do deus Lóðurr, um dos irmãos de Odin. O compositor Richard Wagner apresentou o personagem com o nome germânico Loge em sua tetralogia de óperas Der Ring des Nibelungen. Entretanto, essa variação do nome na realidade diz respeito a outro personagem nórdico, o gigante de fogo Logi, o que reforça sua relação com o fogo.

Já no Brasil, a primeira referência histórica a essa data remonta ao tempo do império, mais particularmente em 1848.  No dia 1° de abril daquele ano, na cidade pernambucana de Olinda, teria sido publicado um jornal intitulado “A Mentira”, cuja matéria de capa anunciava a morte de Dom Pedro. Essa manchete, é claro, foi desmentida no dia seguinte.

A data é lembrada no mundo todo e até mesmo meios de comunicação de respeito e prestígio aproveitam o dia para noticiar mentiras como uma maneira de brincar com o público.

Alguns, entretanto, apregoam a prática da mentira não somente como zombaria, mas também como sendo uma opção filosófica. Um exemplo é a atual adoção do relativismo e a consequente desqualificação dos valores absolutos. Guiados por esse pensamento, há aqueles que defendem a mentira como sendo a opção pelo mal menor, ou seja, se a verdade trará consigo implicações desastrosas, a mentira pode ser justificada.

 A raiz disso é muito antiga, pois no século XIII, Tomás de Aquino já classificava a mentira em três categorias: jocosa, perniciosa e benevolente; em termos atuais seria como dizer que existe “mentira”, “mentirinha” e “mentirona”. Por esse prisma, as “mentirinhas” podem, então, ser facilmente toleradas ou até adotadas como prática usual. Os americanos têm até uma expressão para isso; eles as chamam de “mentiras brancas”.

Quer brincando, quer falando sério, a prática da mentira é quase tão antiga quanto a própria existência humana.  O “quase” é porque Deus não criou um ser mentiroso e sim santo e destinado a verdade, mas a mentira foi uma opção do ser humano ao se desviar do propósito de Deus para sua vida. Apartado do seu Criador, ele agora não consegue fazer uma distinção clara daquilo que é mal e por consequência, torna-se prisioneiro da mentira (Is 59.1-3). O rei Davi, ao descrever os homens que não conhecem a Deus chega ao ponto de dizer que eles “se deliciam com a mentira” (Sl 62.4).

O ser humano, em sua situação natural de ignorância pode ser personificado em Pilatos que ao interrogar Jesus perguntou: “Que é a verdade?” (Jo 18.38) Mal sabia ele que o Mestre já havia respondido essa pergunta antes, quando afirmou: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6) Através de sua morte e ressurreição, Jesus deu condições para que os olhos humanos fossem abertos a fim de enxergarem a verdade, afinal.

Ao ver a realidade dos seus próprios pecados e a liberdade que existe em Jesus, o ser humano pode imitar seu Senhor e passar a andar em uma vida nova (Rm 6.4). Agora, transformado em filho de Deus, ele deixa a mentira de lado e fala somente a verdade (Ef 4.26) tendo como motivação principal o amor (Ef 4.15).

Sob essa ótica, todos os dias humanos são como dias de mentira, mas com Cristo, todos os dias passam a ser dias de verdade, pois ele agora tem discernimento da verdade.

  
Fonte: Rev. Ms. Fernando de Almeida



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