Uma forma de o inimigo usar a pessoa escandalizada é mantendo a ofensa escondida, num manto de orgulho. O orgulho nos impedirá de admitir nossa verdadeira condição.
Certa vez fui severamente magoado por alguns ministros. As pessoas diziam “Não acredito que eles fizeram isso com você. Você está magoado?”
Eu respondia rapidamente: "Não, estou bem. Não estou magoado”. Sabia que estava errado em sentir-me escandalizado e ofendido, mas o que fiz, então, foi negar e reprimir esse sentimento. Convenci-me de que não estava ressentido, mas na realidade estava, e muito. O orgulho mascarou a verdadeira condição do meu coração.
O orgulho nos impede de lidar com a verdade. Ele distorce nossa visão. Nunca mudaremos se acreditarmos que estamos bem. O orgulho endurece o coração e obscurece os olhos do entendimento. Impede a mudança - o arrependimento - que nos vai libertar (veja 2 Tm 2:24-26).
O orgulho faz com que nos vejamos como vítimas. A nossa atitude, então, é: "Fui maltratado e mal-entendido; então, tenho justificativa para meu comportamento". Porque achamos que somos inocentes e que fomos falsamente acusados, retemos o perdão. Embora a verdadeira condição do coração esteja escondida aos nossos olhos, não está escondida de Deus. Só porque fomos maltratados não podemos nos agarrar à ofensa.
A Cura
No livro de Apocalipse, Jesus se dirige à igreja de Laodicéia dizendo, inicialmente, como eles se vêem como pessoas ricas, abastadas, sem precisar de coisa alguma e depois expõe a verdadeira condição - eles eram infelizes, miseráveis, pobres, cegos e nus (Ap 3:14-20). Eles confundiram sua força financeira com a espiritual. O orgulho escondeu sua verdadeira condição.
Muitos são assim em nossos dias. Não enxergam a verdadeira condição de seu coração da mesma forma como fui incapaz de enxergar meu ressentimento contra aqueles ministros. Havia-me convencido de que não estava magoado. Jesus diz ao povo de Laodicéia como sair do engano: comprando o ouro de Deus e vendo sua verdadeira condição.
Comprar o Ouro De DEUS
A primeira instrução de Jesus para nos livrar do engano é comprando ouro refinado pelo fogo (Ap 3:18). O ouro refinado é maleável e não pode ser corroído. Só quando é misturado a outros metais (cobre, ferro, níquel e assim por diante) é que se torna duro, menos maleável e mais corrosivo.
A mistura é chamada liga. Quanto mais alta a porcentagem de metais estranhos, mais duro ouro fica. Inversamente, quanto mais baixa a porcentagem de liga, mais maleável e flexível.
Imediatamente vemos o paralelo: o coração puro é como o ouro - maleável e flexível. (Hebreus 3:13) nos diz que o coração pode ser endurecido através do engano do pecado! Se não conseguimos lidar com uma ofensa, ela vai produzir mais fruto de pecado, como amargura, ódio e ressentimento.
Essas substâncias misturadas endurecem o coração, assim como as ligas fazem com o ouro. Elas reduzem ou tiram a ternura, causando uma grande insensibilidade. Somos, dessa forma, impedidos de ouvir a voz de Deus. Nossa capacidade visual é obscurecida. Cria-se um ambiente perfeito para o engano.
O primeiro passo no refino do ouro é pulverizá-lo e misturá-lo a uma substância chamada solvente. Essa mistura é levada ao forno em alta temperatura, as ligas e impurezas são atraídas ao solvente e levadas a superfície. O ouro (que é mais pesado) permanece no fundo. As Impurezas ou escória (como cobre, ferro e zinco, combinados com o solvente, são removidas, rendendo um metal mais puro.
Note o que Deus nos diz: "Eis que te acrisolei, mas disso não resultou prata; provei-te na fornalha da aflição" (Is 48:10). E também:
Nisto exultais, embora, no presente, por breve tempo, se necessário, sejais contristados por várias provações, para que, unta vez confirmado o valor da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro perecível, mesmo apurado por fogo, redunde em louvor, glória e honra na revelação de Jesus Cristo (1 Pe 1:6, 7).
Deus refina através da aflição, tribulação e provação e separa as impurezas com falta de perdão, amargura, ódio e inveja e imprime o seu caráter em nós.
O pecado facilmente se esconde onde não há o calor das provações e aflições. Em épocas de prosperidade e sucesso, até mesmo o ímpio parece generoso e gentil. Sob o calor das provações, as impurezas vêem a tona.
Houve uma fase em minha vida que passei por uma provação que nunca havia experimentado. Tornei-me grosseiro e áspero para com os que me eram mais queridos. Minha família e meus amigos começaram a me evitar. Eu clamei ao Senhor: "De onde vem todo este ódio? Ele não estava aqui antes!"
O Senhor me respondeu: "Filho, quando o ouro é liquefeito, as impurezas aparecem". Então, Ele me fez uma pergunta que mudou minha vida: "Você consegue ver as impurezas do ouro antes de que seja levado ao fogo? "Não", respondi.
"Mas não significa que não estejam lá. Quando o fogo das provações o atinge, essas impurezas vêm à tona. Embora lhe pareçam escondidas, elas são sempre visíveis para mim.
Agora você tem uma escolha que poderá mudar seu futuro: pode permanecer com raiva, culpando sua esposa, seus amigos, o pastor e até mesmo as pessoas com quem trabalha ou você pode ver a escória como ela verdadeiramente é e se arrepender, receber perdão, e Eu pegarei minha pá e removerei as impurezas de sua vida."
Veja sua condição
Jesus disse que nossa habilidade de enxergar corretamente é outra chave para nos livrarmos do engano. Geralmente, quando somos ofendidos nos vemos como vítimas e culpamos aqueles que nos magoaram. Justificamos a amargura, a falta de perdão, a raiva, a inveja e ressentimento quando eles vêm à tona.
Algumas vezes, até mesmo nos ressentimos com aqueles que nos fazem lembrar dos que nos magoaram. Por essa razão, Jesus nos aconselha a ungir nossos olhos com colírio, para que vejamos (Ap.3.18).
Vejamos o quê? Nossa verdadeira condição! Este é o único modo de conseguirmos "ser zelosos e nos arrependermos" conforme Jesus nos manda fazer. Só nos arrependemos quando paramos de culpar os outros.
Quando culpamos outras pessoas e defendemos nossa posição, estamos cegos. Lutamos para remover o argueiro do olho de nosso irmão enquanto temos uma trave em nosso próprio olho. É a revelação da verdade que nos traz liberdade. Quando o Espírito de Deus nos revela o pecado sempre o faz de tal forma que é separado de nós. Somos, então, convencidos, e não condenados.
Minha oração é que, à medida que você for lendo este livro, a Palavra de Deus ilumine seus olhos do entendimento para que veja sua verdadeira condição e livre-se da ofensa que guarda. Não permita que o orgulho o impeça de enxergar e arrepender-se.
Construímos muros, quando somos feridos, para salvaguardar nosso coração e prevenir futuras feridas.